Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2007

OS BONICOS

Em tempos anteriores ao período de poluição que vivemos hoje, havia uma relação directa do homem com a natureza, de troca, sem agressões que molestassem uns e outros. A sobrevivência humana sempre se baseou na capacidade de descoberta de soluções para melhorar ou manter as suas condições para manutenção da vida. No mundo animal em que vivemos o engenho e a imaginação sempre foram vantagens acrescidas aos detentores de inteligência.

Pequenos passos foram dados ao longo de milhares de anos até se chegar ao presente estado de evolução, agora espartilhado em soluções mal concebidas, na sua relação com a natureza, que se transformaram em preocupações globais da humanidade.

Perguntar-me-ão. Afinal o que tem isto a ver com bonicos!

Antes do aparecimento dos adubos químicos e seus similares, que hoje infestam a natureza, o homem procurava já extrair da terra a sua semente multiplicada.

Em tempos longínquos, um lavrador semeou batatas no seu quintal. Reparou então que no local onde antes prendia o seu burro, as batatas eram maiores, melhores e em maior quantidade. Ao perguntar-se o porquê de tal circunstância, ficou com a suspeita que aquilo se deveria à mistura dos excrementos do burro com a terra. Engenhoso, partiu para a experiência na próxima sementeira, espalhando em todo o terreno os bonicos que entretanto juntara.

Eureca!!! Estava colhido o conhecimento para aumentar as suas produções. A partir daqui criou-se o hábito da apanha dos bonicos, como fonte de energia orgânica, preciosa para a agricultura.

No meu tempo, nos anos 40 e 50 do século passado, ainda era vulgar ver crianças, depois do regresso da escola, irem de cesta no braço, a mando dos pais, percorrer os caminhos de passagem habitual de animais, para apanhar bonicos, que eram depositados em tulha, aguardando o tempo das sementeiras. Chegava a haver disputa dos “territórios” mais movimentados por bois, cavalos, mulas ou burros. Havia pais que criavam mesmo prémios de incentivo para as quantidades apanhadas. “Na próxima feira de Santa Iria compro-te um vestido de chita” ou, sendo rapaz, “quando passar cá o Espanhol, (contrabandista de roupas) compro-te uma Mitra (boina) ou um Realejo”.

Ccarifas

Paio Mendes/Ferreira do Zêzere 

publicado por carifas às 10:23

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De TiBéu ( Isa) a 31 de Dezembro de 2008 às 15:05
hehe não conhecia mesmo , estou a ver que começo a aprender alguma coisa nesta visita. Bj Carlos
Esqueci de explicar que sou a Isabel de Leiria.
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De
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